Lisboa Ainda mostra, no Pavilhão Preto do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, os projetos fotográficos de quatro fotojornalistas com percursos diferentes: Tiago Miranda, Pedro Nunes, Luís Miguel Sousa e José Fernandes. «Quatro olhares distintos sobre uma Lisboa em quarentena. São quatro olhares de quem conseguiu, através da objetiva, captar a essência e a beleza de uma cidade confinada acrescentando assim uma nova dimensão àquele que seria o seu objetivo inicial: informar», explica Rita Palla Aragão, comissária da exposição.
Lisboa sofreu, durante a quarentena, uma alteração profunda na sua vivência que ficará, para sempre, na memória coletiva. Aos fotojornalistas coube a difícil tarefa de captar imagens diretamente relacionadas com a pandemia, imagens de pesar e de sofrimento humano. E também a tarefa, não menos difícil, de ir registando, através das suas objetivas, as alterações profundas que se tinham operado no nosso mundo quotidiano. «Fotografar a cidade parada. Sem o aeroporto e as escolas, mas também sem teatros e cinemas, cafés e esplanadas, restaurantes e bares, concertos e bailados, lojas e quiosques, floristas e vendedores ambulantes, mercados e feiras. Com a cidade parada, sem o movimento dos seus habitantes, desapareceram os pequenos gestos de cada um e que fazem o dia a dia de todos – “Lisboa não tem beijos nem abraços (…) não tem passos”, como tão bem descreveu Manuel Alegre durante este período, num poema que marcará para sempre este tempo e que empresta o título à exposição – Lisboa Ainda», assinala a comissária.
Em quatro núcleos, caminhamos pela cidade conduzidos pelo olhar dos quatro fotojornalistas portugueses:
- Pedro Nunesfotografou a cidade na primeira manhã da primeira segunda-feira da primeira semana da quarentena. «O tempo é diferente, o objetivo é o de sempre: mostrar o que acontece. Só que, nesta manhã, parece que não acontece», salienta Rita Palla Aragão.
- Luís Miguel Sousa voltou aos lugares que antes havia fotografado repletos de turistas para, com o mesmo enquadramento, captar o contraste «e assim nos mostrar o quão volátil é, afinal, a realidade», nota a comissária.
- Tiago Mirandaconduziu por Lisboa e fotografou-a pela janela do carro. Para Rita Palla Aragão, «constatamos que a lente foi passeando pela cidade e captando o que o fotojornalista sentiu: a cidade como um não-lugar».
- José Fernandesdesenha a escuridão com luz. «Incide sobre as nossas figuras um destaque em branco que poderá ter muitos significados mas que é, inequivocamente, de luz», assinala.
A completar, uma sala dedicada ao poema que Manuel Alegre escreveu sobre a cidade durante a quarentena, Lisboa Ainda, e ainda excertos de poemas de Manuela de Freitas, Maria Teresa Horta e Sophia de Mello Breyner.
Comissária: Rita Palla Aragão
Fotografias: José Fernandes, Luís Miguel Sousa, Pedro Nunes, Tiago Miranda
Poema: Manuel Alegre Excertos de poemas: Manuela de Freitas, Maria Teresa Horta e Sophia de Mello Breyner
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Local: Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, Pavilhão Preto, Campo Grande, 245, Lisboa
Datas: 23 julho – 20 setembro
Horário: Terça – domingo, 11h00 – 17h00
Entrada: 3 € (descontos disponíveis aqui)